24/09/2013

MILÃO VERÃO 2014


 Giorgio Armani foi fiel ao DNA de sua marca ao criar a coleção de verão 2014. O estilista mergulhou nos looks clássicos, ideias para mulheres de negócios, e adicionou muita leveza e elegância.
Se depender da sua tradicional alfaiataria, blazers mais justos e curtos ou amplos e longos, em cores puras e vibrantes como rosa e azul, serão combinados com bermudas e saias acima do joelho. As transparências, tão trabalhadas na temporada, aqui surgem equilibradas e bem elaboradas compondo a roupa.  No restante da cartela, dá para notar um sofisticado jogo de luz e sombra em bonitos tons acinzentados e pálidos.
Um brilho cintilante discreto, assim como estampas de flores (sim, Armani também apostou nelas!), pintadas à mão ou cortadas a laser, deixam tudo mais feminino. Nos acessórios, chapéus coloridos, usados com parcimônia somente em três looks, lenços levemente amarrados no pescoço, brincos e maxicolares de pedrarias completam a coleção cheia de boas referências dos anos 1980 e 1990.
 No último dia da Semana de Moda de Milãoos estilistas Federico Piaggi e Stefano Citron mostraram que as linhas arquitetônicas tradicionais no trabalho deGianfranco Ferré, morto em 2007, continuam vivas. Numa alfaiataria minimalista e ousada, os terninhos vieram estruturados e os vestidos de noite mais pareciam origamis.
Tudo muito elaborado com a ajuda de costuras estratégicas, bolsos, camadas de tecido sobre os ombros, plissados, dobraduras, fendas, assimetrias e sobreposições.  O comprimento variou entre  mídi e micro, como alguns shorts usados sob a fenda dos vestidos. Ponto para os enormes cintos que marcaram com muita elegância as cinturas e para os decotes em V e tomara que caia.  A cartela de cores foi neutra com muito cinza, branco, azul escuro e verde.
 A estilista Angela Misson trabalhou os quatro elementos - água, terra, fogo, ar - na coleção de verão 2014 da Missoni. A ferramenta usada foram as estampas que permearam o desfile com  temas como gaivotas, ondas do mar, vulcões, animal prints, florais e até o  logotipo da marca. Nas peças, a estilsita procurou explorar a silhueta mais solta de caftans, sarongs indianos e drapeados que surgiram em blusas, saias e vestidos, tudo com o comprimento abaixo do joelho. Uma moda chique como pedem os balneários e roteiros mais exóticos do planeta.
 Salvatore Ferragamo aposta em um verão 2014 fácil de usar. É por isso que o estilista Massimiliano Giornetti ofereceU uma longa série de looks em tons neutros, com alguns toques de cor como o mix de cinza e roxo na estampa de jacaré de um do trench coat, e o azul-marinho que colore as peças finais do desfile. Fora isso, branco, nude e verde-queimado imprimiram elegância e discrição aos looks, grande parte em alfaiataria. Ponto para o bonito terninho em risca de giz que trazia uma espécie de sobre a calça, para as jaquetas, vestidos que lembravam ternos masculinos e para o uso comedido das pregas.
 Domenico Dolce e Stefano Gabbana investiram pesado nas moedas gegas e romanas para a coleção de verão 2014. O resultado é uma série carregada de moedas douradas que estampou vestidos, saias, bolsas, sapatos e até nas imensas fivelas dos cintos.
A inspiração veio da região da Sicília que, aliás, já havia sido trabalhada na coleção masculina. Os mesmos templos gregos ressurgem na coleção feminina pintados à mão. Um dos momentos mais graciosos do desfile foi a série de looks com apliques de flores das amendoeiras (uma das maravilhas naturais da Sicília) em vestidos de organza e nos arranjos de cabelo. Para o tradicional final do desfile, a grife vestiu as modelos com peças de renda dourada. Tudo muito luxuoso e opulento como só aDolce & Gabbana sabe fazer.
 Assim como fizeram várias marcas nesta temporada, a estilista Consuelo Castiglioni mergulhou no universo esportivo para criar a coleção de verão 2014 da Marni.  O resultado são looks repletos de referências do universo do tênis, muitas vezes cobertos por flores. Ou seja, o contraste entre o minimalismo e o excesso, em uma moda claramente feminina, moderna e elegante.
Entre os destaques, o momento calmo do desfile trouxe calças fluidas, vestidos de cortes simples e saias sarong. Em contraponto, grandes prints florais, pepluns de camadas de babados, plissados até te looks cobertos por pétalas de tecido. O comprimento predileto da estilista é  abaixo do joelho e a cartela prioriza preto, branco, verde e vermelho.
 Foi na passarela de verão 2014 que a Moschino comemorou seus 30 anos. Como estrela da festa, Gloria Gaynor cantava hits como “I am what i am”, enquanto uma retrospectiva de ícones da marca desfilava de um jeito surreal e irreverente. Basta olhar para as saias com estampas de vaca, blusa com as cores da Itália, chapéu e gola do ursinho Teddy e um vestido feito de sacos de lixo.
Os looks de verão foram desfilados em dupla, com uma proposta mais comportada ao lado de outra bem provocante e fetichista. Vestidos de paetês, babados ou estampas de bolinhas, short e calça jeans com jaqueta perfecto e cintos que traziam expressões como “bal girl” foram destaque.
A estilista Rossella Jardini também trouxe de volta a camiseta com slogan “for fashion victims only” (em tradução livre: Somente para fashion victims), criada por Franco Moschino.
 Peter Dundas olhou para uma série de referências para criar o verão 2014 da Emilio Pucci. Entre elas, modalidades esportivas, tendências urbanas como roupas do hip-hop e os brilhantes looks usados nos clubes noturnos dos anos 1980.

Mas, quem se destacou mesmo foi o estporte. Preste atenção nos shorts. A modelagem curtinha lembra muito as versões usadas pelos jogadores de basquete nos anos 1970. Agora, as peças chegam com novos acabamentos e muito brilho. Cinturões de boxe e macacões utilitários foram coloridos de azul e laranja, um deles inclusive foi coberto de paetês. Entre os muitos detalhes, zíperes (nos bolsos e nas laterais das calças), bordados mil e metais completaram a coleção muito trabalhada, vibrante e poderosa. Prova que Dundas sabe trabalhar a feminilidade como ninguém mais.  

 O mesmo minimalismo que delineou os rumos de muitas das coleções dessa temporada veio forte no verão 2014 de Jil Sander. A diferença é que essa tendência não é novidade na marca. É exatamente uma moda clean executada com precisão e equilíbrio que a estilista está acostumada a fazer. Desta vez, não foi diferente.
Uma alfaiataria masculina, porém sedutora, como o look inicial do desfile, uma calça branca, cinto e jaqueta sequinha sobre o top cropped, que permeou o desfile. Havia também elegantes vestidos com cintura marcada (também por cintos largos), bem recatados em branco, preto e grafite. As estampas inspiradas nas pinturas do artista italiano Alighiero Boetti protagonizaram momentos alegres da coleção colorindo blazers, blusas e bermudas. Para a noite, alguns looks ganharam um brilho suave e aplicação de penas.
 Os modelos esvoaçantes, as prints de animais e os jeans estampados surgiram grandiosos (como sempre!) no desfile de verão 2014 de Roberto Cavalli. A novidade foi uma série de vestidos com brilho prateado de cima abaixo a baixo que permearam a coleção. Havia uma clara influência dos anos 1920, principalmente quando os vestidos longos vêm acompanhados de estolas de pele. Quando Cavalli inseriu a cor nas peças, foi de forma bem leve com tons pastel, rosa, menta e branco. Um clima lânguido deu o tom ao o desfile onde caftans, túnicas e até as calças mais justas da marca eram mais folgadas.
 Tomas Maier brincou com materiais e volumes no verão 2014 da Bottega Veneta. “A coleção é sobre leveza, tanto em termos de material como na técnica”, disse o estilista. Ao longo do desfile, dá para perceber uma alternância entre proporções e cores. Maier preferiu trabalhar com tons escuros com preto, grafite, azul-marinho, café, verde-militar e vermelho queimado, clareados com branco e areia em poucos momento. Nessa atmosfera dark, a impressão era a de que os tecidos tinham sido dobrados e amassados antes de chegar na forma final, cheios de babados, plissados, franzidos e cortes assimétricos.
Para a noite, modelos dignos dos tapetes vermelhos mais disputados, ganharam franjas e uma série de apliques metalizados. Entre os materiais, seda, organza, cetim, crepe e algodão plissé, com destaque para o tecido que une algodão e fios de cobre recém-criado pela grife. “Eu estava interessado em permitir que o tecido assumisse a liderança, servindo de guia para as possibilidades do que seria capaz de alcançar”, declarou.
 Várias influências marcam o verão 2014 de Donatella Versace. Num primeiro momento, o punk tão trabalhado no inverno passado da grife, veio à tona ditando moda para uma garota adora usar roupas justas cheias de recortes. Em outro, parece que a estilista - assim como outras marcas fizeram nessa temporada -,  acrescentou a tendência street só que nada de bermudas com jaquetas bombers. O jeans desgastado usado com camisa de seda sustentou a sua versão.
A novidade foi a pitada romântica intercalada entre os looks que, ao invés de evocar o preto, o brilho dos metais e o jeans escuro, veio leve e delicada em tons de lilás e azul claro. Estampas florais manchadas, com cara de tie-dye quebraram a dureza e a escuridão dos looks iniciais. Saias-lápis e godês surgiram em looks onde fendas, decotes e recortes eram um prato cheio para a tão trabalhada sensualidade daVersace. Para completar, o toque de luxo veio com cintos e detalhes em metal, além de plataformas altíssimas.
 No primeiro desfile da Tod’s em Milão não poderiam faltar os tão desejados acessórios de couro da marca. Entre as novidades para o verão 2014, bolsas de mão de vários tamanhos, sapatilhas com solado emborrachado e sandálias frescas decoradas com franja e argolas de metal. Cintos e pulseiras com tiras de várias espessuras têm tudo para virar hit entre as italianas.
O couro também deu as caras nas roupas quase sempre cortado a laser. Destaque para bons modelos de shorts, saias-lápis ou godês, jaquetas e calças cropped, em tons fortes como vinho e vermelho e mais pálidos como rosa, cinza e azul.
 Sedas esvoaçantes em tons pastel - lilás, coral, areia, azul, verde - e estampas paisley poderosas. Assim é o verão 2014 hippie chic setentinha desenvolvido pela estilista Veronica Etro para a marca italiana. Aliás, os lenços não apareceram somente nas prints, mas surgiram ao redor do pescoço e também fizeram as vezes de saias e vestidos. Entre os destaques, muitos conjuntinhos, blusas com toque artesanal e calças cropped com bolsos frontais.
 A alfaiataria também definiu os rumos da coleção de verão 2014 da Ports 1961, marca focada em roupas para o trabalho e lazer. E o caminho escolhido foi um mix entre androginia e feminilidade. O toque masculino veio nos blazer amplos, bem anos 1990, sobre camisas masculinas longas. O contrário surgiu nos vestidos tipo camisa combinados com saias de pregas ou de renda. Tudo, à princípio, muito branco, pontuado por rosa e azul bebê. A novidade foram alguns bonitos looks em tons solares como marrom, amarelo e dourado, inspiração de Fiona Cibani no filme “Zabrieskie Point”, do diretor Michelangelo Antonioni (1970). Segundo uma repórter do WWD disse, foi "a conexão da estilista com a natureza". Ponto para a saia e o vestido de pregas e estampas de pôr do sol. No final, camuflagens que lembram o brilho do sol na água, em branco e preto, se destacaram.
 Para a coleção de verão 2014, a italiana Emporio Armani falou de flores. Mas, o foco não se limitou aos prints. Um primoroso trabalho com proporções, muitas vezes inspirado no formato das pétalas, e uma delicada cartela de cores – cheia de azuis, cinzas, verdes, branco e rosas – ganhou destaque. 
A alfaiataria tinha um toque masculino e muito cetim (tecido hit da temporada). A silhueta, justinha em cima e ampla embaixo, foi marcada por blazers e calças com cintura alta, pregas e comprimento acima do tornozelo. Os muitos vestidos que flutuaram na passarela exibiam camadas, babados e estampas apagadas de flores e plantas. Todos, boas opções para usar à noite. Para o dia, a proposta são blazers, jaquetas e terninhos justinhos.
 Cor, arte urbana e sensualidade.  É o que Miuccia Prada misturou para criar a coleção de verão 2014. A inspiração veio do muralismo mexicano traduzido no trabalho de seis artistas contemporâneos: Pierre Mornet, El Mac, Gabriel Specter, Mesa, Stinkfish e Jeanne Detallante. O resultado é uma moda artsy com pitadas de hip hop apresentada em um cenário matador graças às intervenções feitas pelos próprios artistas.
Nas roupas multicoloridas, as referências dos murais também surgiram vibrantes e multicoloridas. Basta olhar para a série de rostos femininos que estampam vestidos, saias, bolsas e até calorosos casacos de pele (também cheios de cor).  A estilista não economizou nos detalhes. Materiais como paetês de plástico decoraram grande parte das peças. Um toque esportivo, que fecha a proposta streetwear da marca, veio à tona nas malhas com barras listradas, tops bordados com cristais, alguns deles sobrepostos aos vestidos, outros costurados em peças com mangas longas, polainas e saltos tipo tênis.
 Como já havia anunciado, a Costume National resolveu voltar a desfilar em Milão depois de se apresentar na Semana de Moda de Paris por 23 anos. Em sua coleção de estreia, o estilista italiano Ennio Capasa continuou estabelecendo seu jogo interessante entre o masculino e feminino com sua famosa alfaiataria, só que desta vez ela veio desconstruída e mais sexy.
O estilista deixou muito pele descoberta como nos profundos decotes, graças a cortes e recortes assimétricos. Cintos ajudaram a segurar e estruturar coletes e jaquetas. Destaque para muitas saias com fendas, de comprimento longo ou até o joelho e calças cropped. Entre os materiais, o couro cortado a lazer se destaca. A cartela, extremamente monocromática, priorizou o clássico duo preto e branco, amarelo cítrico, cinza, azul-marinho e toques de prata metalizada.
 "É uma coleção muito leve, construída somente com organza transparente", contou a estilista Silvia Fendi ao site NowFashion. Essa leveza não tem nada de esvoaçante e nem flutua no ar, mas sim, propõe um duelo equilibrado entre força e fragilidade. O resultado é uma moda futurista, contruída com um investimento pesado em camadas, cortes e recortes que criam assimetrias e grafismos mil.
Comandado também por Karl Lagerfeld, o verão 2014 da grife exibe uma profusão de bons materiais como transparências, brilhos com aspecto plastificado e metalizado, veludo, pele nas bolsas e pulseiras. A cartela de cores prioriza belos azuis e laranjas. Destaque para as camadas em degradê vermelho apresentadas na série inicial do desfile.
 A garota que veste Alberta Ferreti é do tipo romântica, sem dúvida.  No verão 2014, seu guarda-roupa continua na mesma pegada, mas muito mais regionalizado. Isso porque a estilista italiana optou por looks cheios de referências folclóricas do México. Daí vieram fitas, bordados, pregas, rendas e muitas flores, inclusive parte delas aplicadas o que deixou tudo ainda mais delicado. Saias de comprimento acima  do joelho e longas, parecidas com vestidas pelas camponesas, foram combinadas com comportados tops cropped. As fitas de cetim coloridas decoraram cinturas, barras das saias e blusas. Entre as estampas, muitas flores e listras. A paleta, além de muito branco e preto, deu atenção para tons mais naturais como azul, coral, verde e vermelho. Nos acessórios, sapatos de bailarina com fitas ao redor dos tornozelos e maxibrincos.
Conhecidos inicialmente por suas coleções masculinas, para o verão 2014 os gêmeos Dean Caten e Dan Caten apostaram tudo em um guarda-roupa feminino ao extremo. A inspiração veio do cinema dos anos 1950 e 1960, como uma homenagem às deusas mais sensuais, mais precisamente, às “mammas” italianas com formas volumosas e curvas bem distribuídas.
A moda foi da praia retrô às roupas de noite – muitas para usar nos tapetes vermelhos mais concorridos.  A silhueta dos vestidos veio do maiô em abundância, com cintura muito marcada e microcomprimentos. Em outro momento, a barra dos vestidos desceu até abaixo do joelho e o volume foi construído com pregas largas.  
Teve também um mix de texturas, como a jaqueta de couro com mangas amplas sobre hot pant e top jeans, short também de couro usado com camisa branca, e uma profusão de estampas que incluíam grafismos, animal prints e florais. A cartela de cores foi dividida: roxo, rosa, laranja, vermelho, azul  no início do desfile e branco, preto e marrom no final. Para fechar, um vestido longo branco com um laço enorme poderia ser usado tanto em uma festa chique como um vestido de noiva.

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